sexta-feira, 27 de julho de 2012

Eu e o meu sertão na estrada do mundo

No final da tarde
quando o galo já parou de cantar
boto minha cadeira no meu terreiro
e vejo o tempo passar
hoje o céu tá bonito
a lua já saiu acolá
no fogão já tem macaxeira, inhame, batata e galinha
já pro jantar
e a minha velha, me olha lá do céu
e o meu filho, me espera lá pra gente capinar
meus tantos outros filhos de tão pouca vida
também estão a me esperar
sou homem sofrido, homem do sertão
cheio de saudade e lembranças no coração
já morei em muito lugar
mas aqui, onde nasci, é onde eu quero morar
morar até o final dos meus dias
morar até o meu reencontro
aqui a vida não é fácil
mas difícil já foi
só espero o meu tempo do depois
meu dia há de se chegar
e este homem que sou eu
continuará a perambular por aqui
nos meus filhos, meus netos e a minha família
que vou a deixar

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Insônia

Pego um compasso
faço um traço
amarrado num laço

Escrevo sem saber o que escrever
não sei o que escrevo
talvez seja uma forma de psicografia
talvez seja alguém do outro plano ditando no meu ouvido
talvez seja só eu e meus olhos diante do papel

Vejo o mundo emoldurado
de uma moldura transparente
sem a qual eu não veria o mundo nitidamente
apenas mal-visto, maldito

Mas, mesmo sem sentido
no final o que eu escrevo
sou apenas eu, num papel, numa página
num mundo furta-cor

E se um dia, menina
te perguntarem quem sou eu
apenas diga que sou
nem seu, nem meu
sou

O ponteiro hoje tá implicando comigo
briga, xinga, se adianta, corre rápido que só
e as horas me tornam um pequeno grão de areia
nessa imensidão escura que eu vejo pelos meus olhos
que já não veem
pelas horas que são
pelo sono que perdi

quinta-feira, 19 de julho de 2012

sem pé, mão e cabeça

E depois
de
um tempo
a gente percebe
que
abrimos mão de
umas coisas (coisas
que afetam a mais de uma pessoa)
para
sermos uma luz 
mais brilhante, mais incandescente
num tempo que ainda há de vir
e de se
chegar
logo onde a gente
menos
espera
nossa mente
e no nosso viver
virando
assim
uma constelação
cheia de brilho, de luz, de força
pra enfrentar a vida 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Espirros, sol se pondo, férias, terça-feira

Me acordo, doente, nariz entupido coisa e tal
Numa terça feira aparentemente de sol, dia bonito
Sabe como é
Junta o calor, pega a temperatura do corpo e dá numa cama

Mal consigo sair das quatro paredes que me prendem
Saio, olho pela janela e, como passe de mágicas, o céu está cinza!
Cadê o azul?
Volto pro quarto, só o coió, e continuo olhando pro teto conversando comigo e com o meu calabouço

Telefone toca, toca, toca, tomo remédio
Paro, penso, espirro
Ficar doente nas férias não é lá a melhor coisa do mundo
Aliás, ficar doente nunca é bom....

E na conversa com o meu eu
Reflito sobre a vida que passou e penso na que há de vir
Penso, paro e dou um salto!
A minha cabeça dói e gira como se uma ressaca tivesse me atingido

Conversas sem nexo
Ando meio disléxico
Ando meio sem ar
Espirros, sol se pondo, férias, terça feira