segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mais um texto qualquer de um domingo

Uma vez escrevi sobre domingos e sobre suas túnicas infinitas. E agora me veio a cabeça um pensamento não corriqueiro. Por quê não escrever sobre as segundas? As terças, quartas, quintas, sextas e sábado? Por que só escrever sobre o domingo? Não existem respostas para essas perguntas ou perguntas para essas respostas... Os domingos me atraem de seus jeitos mórbidos, calados, quietos, frios. Os domingos são frios, sim, são frios. Os domingos parecem não ter sentimento, parecem que perderam o gosto por amor. Todos com suas famílias, amigos, amores e com o sabor amargo do que é viver nas curvas da estrada que, como diria o poeta, é bom... Sem solidão. Os domingos me atraem com suas cores vazias, suas canções para nunca mais, suas orações em apelo para que a semana seja boa. E, eu acho que o que mais me atraí nesse dia é ele ser tão parecido comigo, em tantos aspectos, tantas faces diferentes de um só.

Esse domingo que não é o melhor dia da semana e, sim, o que mais me conforta, confronta. O domingo sempre faz um paralelo na minha mente, sempre o faz com sangue quente. Com sede de lixo, de lama, de chuva, da poluição. Querendo consumir a corrupção, pega-la pelo pé e deixá-la amarrada de cabeça para baixo. E aqui, estou eu, pequena pessoa, pequeno domingo. Mais um em 100 pra cima.

domingo, 30 de outubro de 2011

Sem fim

Queria uma Máquina
Para no tempo viajar
E o mundo abocanhar
E no céu azul, pairar

O tempo não volta
A vida também não
E vou nessa mistura de conto, fábula, anedota
E no andar do mundo vou nessa oscilação

Sem equilíbrio
Nessa balança
Tentando vencer meu adversário
O tempo que vem com gosto de lembrança

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vai lá, corre atrás
O teu destino é tu que faz
Não está escrito com sangue
Nem com uma tinta qualquer

Tu que vai traçando
Com teus pés
Costurando a tua rede
Alinhando a tua linha

Vai pescando
Pega tua melhor vara
Pega tua rede de pesca do ano que nunca existiu
E pesca tua vida

É como já disseram
Num livro que eu li
Nessa vida sou só eu
Eu pescador que mim

domingo, 23 de outubro de 2011

Palavras doem
Atos doem
Tudo dói

Mas nenhuma dor
É dor maior
Que a dor

Dor de perder
Alguém
Que ainda não se perdeu

Olho pro céu
E rezo por aqueles
Que não estão mais aqui

Dona Adélia, ô dona Adélia
Obrigado por tudo
Obrigado por olhar por mim

Não sabes a falta que fazes
Ó, dona Adélia
Aquele teu beijo molhado, abraço caloroso

Espero um dia poder olhar pro céu
Ir pro céu e sentar ao teu lado
Ficar perto de você

O teu amado ainda te espera, dona Adélia
Sempre esperou
Ninguém nunca o amou como você

Você se foi mas continua aqui
Ele sabe, ele sabe
E eu também sei

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A ave a voar

Voa, voa
Paira sobre o ar
Dando piruetas, cambalhotas, fazendo zigue-zague

Dorme nas nuvens
Toca o céu
Admira o espaço

Está sempre perto de Deus
Que inveja tenho de ti
Ó ave

Tu que paira sobre o ar, dá piruetas, cambalhotas
Faz zigue-zague
Fica perto de Deus

Me ensina a voar, me faz tocar os céus
Me deixa perto de Deus
Me deixa ser você

Constâncias

O homem
Faz o que sabe e o faz porque quer
Sabe o que diz, o que foi e o que sempre será

O universo
Guarda seus segredos em sua longa capa infinita
E assim fará

A natureza
Age de acordo com a atitude do homem
Variando entre machucados e curativos

O planetas giram e sempre vão girar
Em torno do sol e de suas luas
E suas constelações

Os universos
Um dentro do outro
Nunca param de existir, não tem fim

E as coisas vão assim
Sendo o que sempre serão
Em constâncias ou não

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Foi-se, partiu sem chegada
Chegou sem saída
Não voltou

Enfim, eis-me aqui
Com as mãos cortadas
Das flores que colhi para ti

Só me olha
Por favor
Só me olha

Tenta vê o que você sempre viu
Em mim
Que sempre, de pé, te amou

Olha nos meus olhos e diz
Diz que nunca foi, diz que não é mais
Diz pra mim que acabou

Diz, também, pra você
Que acabou o que começamos a viver
Fala que me perdeu

As nossas músicas tão diferentes
Tocam iguais
Uma para cada um

E as nossas lembranças
Lembranças do nosso pequeno mundo
Me perseguem

Escuta o meu grito
Rasgado, cansado, de dor
Meu lamento mais sincero

Fala, bem baixinho
Pro vento ouvir
O que sentes

E o vento
Me trará tuas palavras
Me tratá você de volta

Nem que seja numa lembrança
Num devaneio
Num filme sem fim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Grito de guerra

Caído, cansado, calado
Sem ver o mundo aos meus pés
Esse sou eu, pobre bardo
"O sábio procura a ausência de dor e não o prazer" já dizia Aristóteles

Mas a busca pessoal
A paz que eu procuro
É um paralelo entre o bem e o mal
Uma paz sem agouro

Eu grito: Eu vou vencer, eu sou um vencedor
Podem me subestimar, até eu me subestimo
E no final vou ser só eu, um livro com autor
Um homem útil, préstimo

Gritarei pro mundo!
Gritarei pro mar!
Não me importo de ser o segundo
Só quero ser feliz e o mundo abrilhantar

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Y

E do meu alto vejo um som
Ondulado, meio gasto, sem cor
Migrando de tom em tom
Inquieto, ligado num compressor

E nesse mesmo alto, nessa mesma elevação
Recompondo-me de nada
Sorrio, mais uma vez, com afeição
Com um sorriso de início de jornada

E essas várias maneiras de me decifrar
Essas várias maneiras de me sentir satisfeito
Me fazem querer, o mundo, aclamar
Só com aprendizados, nenhum desproveito

E tentando expressar o meu eu
O expresso assim, como uma vida no fim
Tentando alcançar o meu apogeu
Como conversas de botequim

Mas o barato da vida é viver
E tentar se achar
Viver e entender o quão complexo é ser
Viver e tentar achar o mundo em uma bola de bilhar